Texto
Pedagógico
Vínculos
Afetivos e Aprendizagem
Há ligação
entre o pensar, o fazer, o sentir e o aprender. O vínculo afetivo interfere no processo
de aquisição do conhecimento, pois existe relação entre afetividade e aprendizagem.
Neste sentido, é relevante analisar a relação que se estabelecer entre
professor e alunos, para que o processo de ensinar e aprender seja prazeroso.
Ser
professor vai além do “ensinar conteúdo”. O docente deve entender que ele é um
facilitador da aprendizagem e também compreender a importância de um bom
relacionamento interpessoal e estabelecimento de vínculos com os alunos. Dessa
forma, a relação entre o aluno e o professor e o ato de aprender torna-se
favorável, pois esta afinidade atua positivamente no processo de aquisição e
construção do conhecimento, independentemente da idade.
Nos relatos bíblicos sobre Jesus,
observamos que Ele, o Mestre por excelência, considerava as pessoas como foco
principal de sua atuação, com o objetivo de alcançá-las através de Sua mensagem
que transformava vidas, através de tipos diferenciados de abordagem de acordo
com o ouvinte, procurando primeiramente um contato inicial com ela.
Alguns
exemplos da atenção que Jesus dispensava às pessoas e Sua iniciativa para
começar a comunicação de aprendizagem e atuação:
Crianças:
“Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e
orasse; mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, disse: Deixai os
meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos
céus”(Mateus 19:13,14).
A
viúva que perdeu o filho: “E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima
compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores”(Lc 7.13).
Mulher Samaritana:
“Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.
Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a
mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os
samaritanos)”(João 4:7,9).
Zaqueu:
“E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe:
Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa” (Lc 19. 5).
Estas
situações citadas confirmam que Jesus procurava interagir com o interlocutor e
também demonstram que a atenção dispensada às pessoas era relevante para Sua
atuação de mestre. Lois Lebar, no livro “Educação que é Cristã”, afirma que “Se
Cristo pensasse apenas no conteúdo, todo o seu ensino estaria compreendido em
suas palavras. No entanto, a interação com o aluno é a regra e não a
exceção”(Lebar, 2009, pag. 83).
Há
professores que iniciam a aula falando imediatamente sobre o tema, não procuram
inicialmente manter um contato informal ou uma conversa com os alunos, não
interagem com eles durante a aula, não sabem os nomes deles, dão pouca ou
nenhuma importância ao que o aluno fala ou pergunta. E após a aula, também continua
com esta mesma postura, isto é, distante deles.
Sendo
assim, o professor está distante do aluno e o aluno do professor, pois não
existe elo afetivo, de amizade, de entrosamento e de comunhão. Ele entende
apenas que sua função é ensinar sobre a lição. Creio que procede assim, porque
ainda não tem conhecimento de que a atitude do professor interfere de forma
positiva ou negativa no aprendiz e que aprender depende dos vínculos
estabelecidos nas relações afetivas.
A
demonstração de afetividade do professor com os alunos reflete sua preocupação
e cuidado com eles, com possibilidade de construção da autoestima do
aprendente, que se sentirá motivado para participar, perguntar, aprender etc.
Atenção, desatenção, respeito, desrespeito, cuidado, rejeição, mau trato,
diálogo, conversa, amizade influenciam no desenvolvimento social e cognitivo do
aluno.
O
aluno é a razão de ser de uma escola, isto é, só existe escola porque há alunos
e também professor. Os alunos são o que há de mais importante na aula, mais que
os conteúdos e os métodos e os recursos pedagógicos. O corpo discente (alunos)
da EBD deve ter atenção especial do professor, para que o ensinamento das
verdades bíblicas sejam significativas e prazerosas.
O
professor da EBD deve ser aquela pessoa que gosta dos alunos, que vê o aluno
não como mero figurante ou mais um para somar nos dados estatísticos da classe.
É aquele que se importa com o aluno como gente – ser integral, para isto
precisa ter boas relações com ele e criar vínculos de amizade. Sendo assim, eles
se sentirão amados, aceitos, acolhidos, seguros e respeitados. Quando há
vínculos há uma facilitação para ensinar e aprender.
Nesta
perspectiva, Alicia Fernández, psicopedagoga argentina, afirma que “Para
aprender, necessitam-se de dois personagens(ensinante e aprendente) e um
vínculo que se estabelece entre ambos [...]. Não aprendemos de qualquer um,
aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar.”
(Fernández, 1991, pag. 47 e 52).
Partindo deste princípio, ao iniciar uma aula o professor
da EBD deve falar primeiro com os alunos para depois introduzir o tema da aula.
Costumeiramente, tenho feito esta indicação nas postagens deste blog, mas
provavelmente algum professor não tenha observado a importância desta sugestão.
Vejam como recomendo:
“Professoras e professores,
observem estas orientações:
1 – Antes de abordar o tema
da aula, é interessante que vocês mantenham uma conversa informal e rápida com
os alunos:
- Cumprimentem os alunos.
- Dirijam-se aos alunos,
chamando-os pelo nome, para tanto é importante uma lista nominal para que vocês
possam memorizar.
- Perguntem como passaram a
semana.
- Escutem atentamente o que
eles falam.
- Observem se há alguém
necessitando de uma conversa e/ou oração.
- Verifiquem se há alunos
novatos e/ou visitantes e apresentem cada um.
2 - Este momento não é uma
mera formalidade, mas uma necessidade. Ao escutá-los, vocês estão criando
vínculo com os alunos, eles entendem que vocês também se importam com eles.
Outro fator importante para
estabelecer vínculos com os alunos é através das redes sociais, adicionem os
alunos e mantenham comunicação com eles.
3 - Após a chamada,
solicitem ao secretário da classe a relação dos alunos ausentes e procurem
manter contato com eles durante a semana, através de telefone ou email ou pelas
redes sociais, deixando uma mensagem “in box” dizendo que sentiu falta dele(a)
na EBD).
Os alunos se sentirão
queridos, cuidados, perceberão que vocês sentem falta deles. Dessa forma, vocês
estarão estabelecendo vínculos afetivos com seus alunos.
4 – Escolham um momento da
aula, para mencionar os nomes dos alunos aniversariantes, parabenizando-os,
dando-lhes um abraço, oferecendo um versículo.
5 – Fazendo o que foi
exposto acima, somando-se a um professor motivado, associando a uma boa preparação
de aula, com participação dos alunos, vocês terão bons resultados!
Experimentem!
6 – Agora, vocês iniciam o
estudo da lição”.
Esta
é a forma que repetidamente tenho colocado em cada sugestão das lições no blog
Atitude de Aprendiz, como um lembrete para que vocês não se esqueçam de fazê-lo
ao iniciar as aulas. O apóstolo Paulo afirma: “...Não me aborreço de
escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós”(Fp 3.1). E eu também não
me canso e nem me aborreço!
Portanto,
após a leitura deste texto, espero que tenha sido compreendida a relevância da
afetividade para a aprendizagem, elevando a qualidade do ensino e do aprender.
Também que haja mudanças positivas nas atitudes do professor e sua relação com
os alunos seja estabelecida com vínculos afetivos no ambiente de aprendizagem.
Por Sulamita Macedo.
Referências:
BÍBLIA. Língua Portuguesa. Bíblia de Estudo Pentecostal. Revista e corrigida. Rio de Janeiro: CPAD,
1995.
LEBAR, E. Lois. Educação que é Cristã. Rio de Janeiro:
CPAD, 2009.
FERNANDÉZ, Alicia. A inteligência Aprisionada. Porto
Alegre: Artes Médicas.
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