RSS

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Texto Pedagógico
Vínculos Afetivos e Aprendizagem

Há ligação entre o pensar, o fazer, o sentir e o aprender. O vínculo afetivo interfere no processo de aquisição do conhecimento, pois existe relação entre afetividade e aprendizagem. Neste sentido, é relevante analisar a relação que se estabelecer entre professor e alunos, para que o processo de ensinar e aprender seja prazeroso.
Ser professor vai além do “ensinar conteúdo”. O docente deve entender que ele é um facilitador da aprendizagem e também compreender a importância de um bom relacionamento interpessoal e estabelecimento de vínculos com os alunos. Dessa forma, a relação entre o aluno e o professor e o ato de aprender torna-se favorável, pois esta afinidade atua positivamente no processo de aquisição e construção do conhecimento, independentemente da idade.
            Nos relatos bíblicos sobre Jesus, observamos que Ele, o Mestre por excelência, considerava as pessoas como foco principal de sua atuação, com o objetivo de alcançá-las através de Sua mensagem que transformava vidas, através de tipos diferenciados de abordagem de acordo com o ouvinte, procurando primeiramente um contato inicial com ela.
Alguns exemplos da atenção que Jesus dispensava às pessoas e Sua iniciativa para começar a comunicação de aprendizagem e atuação:
Crianças: “Trouxeram-lhe, então, alguns meninos, para que sobre eles pusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, disse: Deixai os meninos, e não os estorveis de vir a mim; porque dos tais é o reino dos céus”(Mateus 19:13,14).
          A viúva que perdeu o filho: “E, vendo-a, o Senhor moveu-se de íntima compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores”(Lc 7.13).
Mulher Samaritana: “Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)”(João 4:7,9).
          Zaqueu: “E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa” (Lc 19. 5).
Estas situações citadas confirmam que Jesus procurava interagir com o interlocutor e também demonstram que a atenção dispensada às pessoas era relevante para Sua atuação de mestre. Lois Lebar, no livro “Educação que é Cristã”, afirma que “Se Cristo pensasse apenas no conteúdo, todo o seu ensino estaria compreendido em suas palavras. No entanto, a interação com o aluno é a regra e não a exceção”(Lebar, 2009, pag. 83).
Há professores que iniciam a aula falando imediatamente sobre o tema, não procuram inicialmente manter um contato informal ou uma conversa com os alunos, não interagem com eles durante a aula, não sabem os nomes deles, dão pouca ou nenhuma importância ao que o aluno fala ou pergunta. E após a aula, também continua com esta mesma postura, isto é, distante deles.
Sendo assim, o professor está distante do aluno e o aluno do professor, pois não existe elo afetivo, de amizade, de entrosamento e de comunhão. Ele entende apenas que sua função é ensinar sobre a lição. Creio que procede assim, porque ainda não tem conhecimento de que a atitude do professor interfere de forma positiva ou negativa no aprendiz e que aprender depende dos vínculos estabelecidos nas relações afetivas.
A demonstração de afetividade do professor com os alunos reflete sua preocupação e cuidado com eles, com possibilidade de construção da autoestima do aprendente, que se sentirá motivado para participar, perguntar, aprender etc. Atenção, desatenção, respeito, desrespeito, cuidado, rejeição, mau trato, diálogo, conversa, amizade influenciam no desenvolvimento social e cognitivo do aluno.
O aluno é a razão de ser de uma escola, isto é, só existe escola porque há alunos e também professor. Os alunos são o que há de mais importante na aula, mais que os conteúdos e os métodos e os recursos pedagógicos. O corpo discente (alunos) da EBD deve ter atenção especial do professor, para que o ensinamento das verdades bíblicas sejam significativas e prazerosas.
O professor da EBD deve ser aquela pessoa que gosta dos alunos, que vê o aluno não como mero figurante ou mais um para somar nos dados estatísticos da classe. É aquele que se importa com o aluno como gente – ser integral, para isto precisa ter boas relações com ele e criar vínculos de amizade. Sendo assim, eles se sentirão amados, aceitos, acolhidos, seguros e respeitados. Quando há vínculos há uma facilitação para ensinar e aprender.
Nesta perspectiva, Alicia Fernández, psicopedagoga argentina, afirma que “Para aprender, necessitam-se de dois personagens(ensinante e aprendente) e um vínculo que se estabelece entre ambos [...]. Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar.” (Fernández, 1991, pag. 47 e 52).
            Partindo deste princípio, ao iniciar uma aula o professor da EBD deve falar primeiro com os alunos para depois introduzir o tema da aula. Costumeiramente, tenho feito esta indicação nas postagens deste blog, mas provavelmente algum professor não tenha observado a importância desta sugestão. Vejam como recomendo:
“Professoras e professores, observem estas orientações:
1 – Antes de abordar o tema da aula, é interessante que vocês mantenham uma conversa informal e rápida com os alunos:
- Cumprimentem os alunos.
- Dirijam-se aos alunos, chamando-os pelo nome, para tanto é importante uma lista nominal para que vocês possam memorizar.
- Perguntem como passaram a semana.
- Escutem atentamente o que eles falam.
- Observem se há alguém necessitando de uma conversa e/ou oração.
- Verifiquem se há alunos novatos e/ou visitantes e apresentem cada um.
2 - Este momento não é uma mera formalidade, mas uma necessidade. Ao escutá-los, vocês estão criando vínculo com os alunos, eles entendem que vocês também se importam com eles.
Outro fator importante para estabelecer vínculos com os alunos é através das redes sociais, adicionem os alunos e mantenham comunicação com eles.
3 - Após a chamada, solicitem ao secretário da classe a relação dos alunos ausentes e procurem manter contato com eles durante a semana, através de telefone ou email ou pelas redes sociais, deixando uma mensagem “in box” dizendo que sentiu falta dele(a) na EBD).
Os alunos se sentirão queridos, cuidados, perceberão que vocês sentem falta deles. Dessa forma, vocês estarão estabelecendo vínculos afetivos com seus alunos.
4 – Escolham um momento da aula, para mencionar os nomes dos alunos aniversariantes, parabenizando-os, dando-lhes um abraço, oferecendo um versículo.
5 – Fazendo o que foi exposto acima, somando-se a um professor motivado, associando a uma boa preparação de aula, com participação dos alunos, vocês terão bons resultados! Experimentem!
6 – Agora, vocês iniciam o estudo da lição”.
Esta é a forma que repetidamente tenho colocado em cada sugestão das lições no blog Atitude de Aprendiz, como um lembrete para que vocês não se esqueçam de fazê-lo ao iniciar as aulas. O apóstolo Paulo afirma: “...Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós”(Fp 3.1). E eu também não me canso e nem me aborreço!
Portanto, após a leitura deste texto, espero que tenha sido compreendida a relevância da afetividade para a aprendizagem, elevando a qualidade do ensino e do aprender. Também que haja mudanças positivas nas atitudes do professor e sua relação com os alunos seja estabelecida com vínculos afetivos no ambiente de aprendizagem.

Por Sulamita Macedo.

Referências:
BÍBLIA. Língua Portuguesa. Bíblia de Estudo Pentecostal. Revista e corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
LEBAR, E. Lois. Educação que é Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
FERNANDÉZ, Alicia. A inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas.

0 comentários: