Indicação de Leitura
Para a lição de Juvenis -
Currículo do Ano 2: A História da Igreja
Lição 12: O Avivamento da Rua Azusa
Avivamento Rua Azuza
Os historiadores que se ocupam do Avivamento
Pentecostal no século 20, são unânimes em mencionar a Rua Azusa - 312 (Los
Angeles, Califórnia), em 1906, como o centro irradiador de onde o avivamento se
espalhou para outras cidades e nações. A Rua Azusa transformou-se em uma
poderosa fogueira divina, aonde centenas e milhares de pessoas de todos os
pontos da América, ao chegarem atraídas pelos acontecimentos e para ver o que
estava se passando ali, eram batizadas com o Espírito Santo, e ao retornarem
para suas cidades levavam essa chama viva que alcançava também outras pessoas.
Em 1905 Parham mudou-se para Houston, Texas, onde
formou outra escola bíblica. Foi lá que recebeu como aluno William J. Seymour,
um negro, cego de um olho e humilde. Apesar do preconceito racial do Sul,
Seymour participou da escola e aprendeu sobre a “evidência inicial” do batismo
no Espírito. Pregava sobre isto em outras igrejas, mas ele mesmo ainda não
tinha recebido o batismo no Espírito com línguas. Seymour foi convidado por uma
senhora que o ouvira pregar no Texas para estar ministrando em Los Angeles numa
igreja de negros Holiness, e assim se tornou um dos instrumentos de Deus para
fazer explodir um dos mais importantes avivamentos da história da igreja.
Seu primeiro sermão baseado em Atos 2:4 deixou a
pastora furiosa com a implicação de que se ela não falara em línguas como os
primeiros discípulos, então ela ainda não recebera a plenitude do Espírito. Na
sua segunda noite de pregação Seymour encontrou a porta da igreja fechada por ordem
da pastora que não queria ouvir mais sua mensagem. Sendo assim, ele e mais sete
pessoas se reuniram num lar para buscar o Senhor, e naquela noite de 09 de
abril de 1906 todos foram batizados no Espírito e falaram em línguas – menos
Seymour. Os gritos eram tão fervorosos – e tão altos – que uma multidão se
juntou do lado de fora indagando: “O que significa isto?” Logo foi propagado
pela cidade que Deus estava derramando seu Espírito, pessoas brancas se
juntaram às pessoas de cor e também foram cheias do Espírito. No dia 12 de
abril o próprio Seymour teria sua experiência pentecostal com línguas.
Frank Bartleman era um evangelista Holiness que
recebera notícias do avivamento em Gales ocorrido em 1904 e desde então dedicou
sua vida para orar e publicar literatura conclamando outros a orar e buscar
avivamento para Los Angeles. Ele entrou em contato com Seymour, que, por falta
de espaço, alugara um velho galpão na Rua Azusa e então o fogo se alastrou.
Em um edifício de forma quadrangular, que
anteriormente servira como armazém de cereais, passaram a se reunir milhares de
homens e mulheres sedentos da graça divina, para interceder pela salvação dos
pecadores e clamar por um avivamento. Todos estavam desejosos de vida abundante
e de triunfo sobre o pecado.
O mover do Espírito na Rua Azusa foi tremendo,
dizem que nos primeiros dias da “Missão Azusa”, tanto o céu como o inferno
pareciam ter chagado à cidade. Os homens estavam a ponto de estourar e havia
uma poderosa convicção sobre o povo em geral; as pessoas pareciam cair aos
pedaços até na rua, sem nenhuma provocação. Quando o povo a atravessava, a dois
ou três quarteirões de distância, era tomado pela convicção dos seus pecados,
ali os demônios eram expulsos, doentes curados, muitos abençoados com salvação,
restaurados e batizados com o Espírito Santo e com poder.
Na Rua Azusa não havia instrumentos musicais, o
louvor era totalmente espontâneo; todos os hinos eram cantados de memória, e os
hinários tradicionais não eram utilizados. W.J. Seymour era o líder, mas não
havia papa nem hierarquia. Não havia plataformas nem púlpito, todos estavam no
mesmo nível.
O pastor William Joseph Seymour, que servia nessa
igreja, não era pregador eloqüente; porém, seu coração ardia de zelo pela
pureza da Obra do Senhor e sua mensagem era vivificada pelo Espírito Santo. Ele
pregava a Palavra de Deus, anunciava a promessa divina, o batismo com o
Espírito Santo, e em seguida, voltando a sentar-se em sua cadeira no púlpito,
colocava o rosto entre as mãos, e no decorrer dos trabalhos ele não parava de
interceder, de pedir que Deus operasse de maneira extraordinária nos corações
dos ouvintes. O que acontecia, então, é inexplicável: o poder de Deus caía
sobre a congregação; a convicção das verdades divinas inundava os corações; o
desejo de santidade dominava as almas; e, repentinamente, brotavam louvores dos
corações; muitos eram batizados com o Espírito Santo, falavam em novas línguas;
outros profetizavam; outros cantavam hinos espirituais. Almas sequiosas podiam
ser encontradas sob o poder de Deus quase a qualquer hora, de dia ou de noite e
o local nunca ficava fechado ou vazio.
A notícia desses acontecimentos foi anunciada em
toda a cidade, inclusive nos jornais seculares, que imediatamente enviaram
repórteres para observar e descrever os fatos. Os membros das várias igrejas,
uns por curiosidade, outros por desejo de receber mais graça do céu, chagavam
para ver com os próprios olhos aquele fenômeno. Muitos deles traziam consigo a
opinião de que tudo aquilo não passava de obra de fanáticos, porém, todos saíam
convencidos de que era um movimento divino, e transformavam-se em testemunhas e
propagandistas do Movimento Pentecostal que se iniciara naquela ruazinha em Los
Angeles.
Em pouco tempo os grandes centros urbanos
norte-americanos foram alcançados pelo avivamento. Uma das cidades que mais se
destacaram e se projetaram no Movimento Pentecostal foi Chicago. As boas novas
do avivamento alcançaram, praticamente, todas as igrejas evangélicas da cidade.
Em algumas, houve oposição da parte de uns poucos crentes, porém o avivamento
triunfou, pois, além de outras características que o recomendavam, ele se
destacava pelo espírito evangelístico e pelo interesse que despertava para o
evangelismo de outros povos, ou seja: cada um que se convertia, transformava-se
também em um missionário.
A partir de Azusa o fogo do avivamento espalhou-se
por todo o país dos Estados Unidos, através de todo o território americano
centenas de congregações independentes eram formadas da noite para o dia.
Muitos missionários vieram de vários continentes
para experimentar o seu próprio pentecostes e levar o avivamento para seus
países, outros foram influenciados por grupos de outros lugares dos Estados
Unidos que tinham tido contato com Azusa. Por exemplo, dois imigrantes suecos,
Daniel Berg e Gunnar Vingren, participaram em Chicago de uma reunião de oração
com alguns amigos e foram cheios do Espírito Santo. Lá receberam uma profecia
de que seriam enviados para algum lugar no mundo chamado “Pará” e assim foram
encaminhados miraculosamente para o Brasil em 1910, onde fundaram a Igreja
Assembléia de Deus,quatro anos antes das Igrejas Assembléias de Deus dos
Estados Unidos serem organizadas.
Thomas Ball Barratt, um ministro metodista na
Noruega, ficou conhecido como o “apóstolo do pentecoste” para a Europa. Em
viagem aos Estados Unidos, na cidade de Nova Iorque, ouviu sobre o avivamento
Azusa e pensou que teria de ir a Los Angeles para receber o batismo. Enquanto
esperava para viajar, decidiu buscar a experiência, orando até 12 horas por
dia, e recebeu o batismo no Espírito ali mesmo em Nova Iorque, em outubro de
1906. Em dezembro de 1906 Barratt retornou a Oslo, Noruega, onde alugou um
ginásio com 2.000 lugares para realizar as primeiras reuniões pentecostais da
Europa. Em pouco tempo, Barratt se estabeleceu como o profeta do
pentecostalismo europeu. Visitando-o e recebendo seu próprio batismo no
Espírito estiveram pastores da Suécia, Inglaterra e Alemanha.
O mover pentecostal chegou ao Brasil no início do
século XX. A Congregação Cristã no Brasil surgiu em março de 1910 fundada por
Luigi Francescon, um italiano de quarenta e quatro anos, dirigente de
comunidades pentecostais que veio morar em São Paulo, depois de ter vivido
algum tempo nos Estados Unidos. A cidade paranaense de Santo Antonio da Platina
foi o berço dessa igreja pentecostal, que depois se tornou uma seita.
No dia 18 de junho de 1911, foi fundada a
Assembléia de Deus no Brasil pelos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar
Vingren. Durante três décadas essas foram as principais denominações
pentecostais do Brasil, elas pregavam a cura divina e o dom do Espírito Santo e
criam nessas verdades. Em 1940 surge a Igreja Evangélica Avivamento Bíblico,
fundada por jovens seminaristas brasileiros, que a princípio era um movimento interdenominacional
de oração e busca de avivamento espiritual, depois acabou se tornando um marco
no desenvolvimento pentecostal do Brasil.
Muitas denominações nasceram após este avivamento,
tais como: Igreja do Evangelho Quadrangular (1951), Igreja Pentecostal “O
Brasil Para Cristo” (1956), Igreja Metodista Wesleyana (1967), Igreja
Pentecostal Deus é Amor (1962), etc.
A ênfase do Movimento Pentecostal eram línguas como
evidência do batismo no Espírito e poder para pregar o evangelho para o mundo
inteiro, pois criam na iminente volta de Jesus. Por isso desde o início os
líderes não viam necessidade de formar qualquer organização eclesiástica, pois
eles mesmos já haviam se desiludido e sido perseguidos pelas denominações que
rejeitaram o mover do Espírito. Mas com o passar dos anos o movimento entrou em
perigo de caos com muitas divisões sobre doutrina (e até heresias) e
desonestidade financeira.
Durante os anos 20 e 30, apesar do esfriamento do
Movimento Pentecostal, Deus continuou a operar e ministérios poderosos foram
levantados. Entre eles estão Aimee Semple MacPherson (fundadora da Igreja do
Evangelho Quadrangular), Smith Wigglesworth (o “Apóstolo da Fé”) e Charles
Price (um conhecido pastor tradicional convertido numa campanha de Aimee Semple
MacPherson que se tornou um famoso pregador pentecostal com um ministério
profético e de cura).
Autor:
João Paulo Fidelis
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