Texto
Pedagógico:
Como
abordar o tema da Avaliação da Aprendizagem
Parte
II
Na parte I, foi abordado um aspecto da avaliação
relacionado às imagens, informações e opiniões negativas do processo
avaliativo, tanto do ponto de vista de quem é avaliado como daquele que avalia,
com o objetivo de refletir sobre elas e reconstruir mesmo de forma simples uma
concepção diferente de avaliação. Foi ainda indicada a leitura de um texto para
conhecer os tipos de avaliação, enfatizando a Formativa ou Processual.
Nesta parte II, é importante pensar sobre alguns
critérios de avaliação da aprendizagem necessários para que a forma de avaliar
seja transformadora. Para tanto, utilizarei uma história de Contos de Fada. Não
pense que será uma abordagem infantil! Elementos simples e pequenos podem nos
levar a grandes e importantes reflexões. Vejamos!
Na História de Branca de Neve, a rainha possuía um espelho mágico para o qual
costumava perguntar:
“- Espelho, espelho meu, tem
alguém mais bela do que eu?
E o espelho respondia:
- Não há no mundo mais bela
do que vós, rainha.
E a rainha ficava feliz por
saber que o que o espelho falava era a mais pura verdade”(Irmãos Grimm).
Esta é a história que conhecemos. Uma pergunta e sempre a
mesma resposta. Uma pergunta e uma abordagem unilateral do processo avaliativo,
sempre do mesmo ponto de vista, que não faz mágica na avaliação da aprendizagem!
Mas, conheçam este outro texto!
ESPELHO,
ESPELHO MEU...
“Era
uma vez... Uma rainha que vivia em um grande castelo. Ela tinha uma varinha
mágica que fazia as pessoas ficarem bonitas ou feias, alegres ou tristes,
vitoriosas ou fracassadas. Como todas as rainhas, ela também tinha um espelho
mágico. Um dia, querendo avaliar sua beleza também, ela perguntou ao espelho:
-
Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonita do que eu?
O
espelho olhou bem para ela e respondeu:
- Minha rainha, os tempos estão mudados. Esta
não é uma resposta assim tão simples. Hoje em dia, para responder a sua
pergunta eu preciso de alguns elementos mais claros.
Atônita, a rainha não sabia o que dizer. Só
lhe ocorreu perguntar:
- Como assim?
-
Veja bem, respondeu o espelho. Em primeiro lugar, preciso saber por que Vossa
Majestade fez essa pergunta. Pretende apenas levantar dados sobre o seu ibope
no castelo? Pretende examinar seu nível de beleza, comparando-o com o de outras
pessoas, ou sua avaliação visa ao desenvolvimento de sua própria beleza, sem
nenhum critério externo? É uma avaliação considerando a norma ou critérios
predeterminados? De toda forma, é preciso, ainda, que Vossa Majestade me diga
se pretende fazer uma classificação dos resultados.
E
continuou o espelho:
- Além disso, eu preciso que Vossa Majestade
me diga com que base devo fazer essa avaliação. Devo considerar o peso, a
altura, a cor dos olhos, o conjunto? Quem devo consultar para fazer essa
análise? Por exemplo: se consultar somente os moradores do castelo, vou ter uma
resposta. Entre a turma da copa ou mesmo entre os anões, a Branca de Neve ganha
estourado. Mas, se perguntar aos seus conselheiros, acho que minha rainha terá
o primeiro lugar.
Depois,
ainda tem o seguinte, continuou o espelho:
- Como vou fazer essa avaliação? Devo utilizar
análises continuadas? Posso utilizar uma prova para verificar o grau dessa
beleza? Utilizo a observação?
Finalmente
conclui o espelho:
- Será
que estou sendo justo? Tantos são os pontos a considerar...”
(Adaptado de PATTON, Michael
Quinn. Utilization-Facused
Evaluation. Londres: Sage Pub, 1997, p. 45-46)
Este
texto apresenta a mesma pergunta da história original, porém traz uma novidade
para avaliar a rainha, afirmando logo no início que os tempos mudaram,
apontando que há necessidade de novos critérios para a avaliação: Elementos
claros, Dados comparativos, Análise continuada, Observação, Provas, Intenção da
avaliação, Atores envolvidos na avaliação.
Por
que observar estes elementos? O professor não tem espelho mágico nem varinha
mágica, mas deve ficar atento ao que se passa no processo de ensino e
aprendizagem, da mesma forma que o espelho fez ao escutar a pergunta da rainha
“O espelho olhou bem para ela” para poder responder.
Enfim,
para que o processo avaliativo aconteça a contento, é importante que se
estabeleça quais critérios de avaliação serão contemplados, além é claro de uma
concepção transformadora de avaliar. Daí
a necessidade de reunir os professores para analisar e decidir conjuntamente
que elementos serão utilizados na avaliação na EBD.
Por Sulamita Macedo.
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