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segunda-feira, 15 de abril de 2013


Indicação de Leitura

Para a lição 03 de Juvenis: Pais & Filhos

Faço a indicação de leitura do livro "Disciplina, Limite na Medida Certa", caso haja impossibilidade no momento,  sugiro a leitura do texto abaixo com o mesmo título.

Disciplina, Limite na Medida Certa
Içami Tiba
Há uma história que sempre desperta o interesse de pais e educadores porque é ao mesmo tempo muito bem humorada e realista:
Dois meninos de cinco anos estão numa espaçosa área de lazer. Não há brinquedos por perto. Um deles é magro e alto. O outro é gordo e baixo. Naturalmente, resolvem brincar.
O magro propõe:
-É pega- pega, e você é o pegador!
E já sai em tal disparada que o gordo, com seus passos lentos e pesados, tem dificuldades de acompanhar. Quando este percebe a distância entre os dois aumentando cada vez mais, toma consciência de que não conseguirá alcançar o outro tão cedo. Então para, estica o braço e, apontando com o indicador, grita:
- Aí não vale!
O magro imediatamente para, mesmo sabendo que não tinha sido combinado que ali não valeria.
Nesse momento da palestra, pergunto ao público:
- Por que o magro parou?
Percebo que cada um busca dentro de si uma boa resposta. Para facilitar, eu mesmo respondo:
- Para continuar brincando! Se o magro continuar correndo, a brincadeira acaba, não é?
O magro volta até o gordo c om os ombros meio caídos, pois sabe que agora é a vez daquele propor outra brincadeira. O gordo, vendo o magro bem próximo, diz:
- É luta livre!
E já avança no magro, dá- lhe uma “gravata”, derruba-o e aperta o pescoço do menino, que, à beira do desmaio, dá umas palmadinhas no braço do gordo em sinal de que está se rendendo.
Nesse momento, pergunto de novo ao público:
- Por que o gordo para de enforcar o magro?
- Para continuar a brincadeira!, responde o público.
E eu arremato:
- E também porque com morto não se brinca!
Após a gargalhada geral, volto ao tema: as crianças sabem, intuitivamente, que a brincadeira é um tipo de relacionamento em que um depende do outro. Para continuar a brincar é necessário que aceitem, nessa experiência de sociedade que elas mesmas criaram uma série de regras:
Se as crianças aceitam os limites intrínsecos à convivência em uma brincadeira, é porque sabem que não podem brincar fazendo tudo o que têm vontade. Precisam aceitar uma composição, uma sociedade com o outro.
As crianças aprendem a comportar- se em sociedade ao conviver c om outras pessoas, principalmente com os próprios pais. A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio de imitação, da experimentação e da invenção.
Quando os pais permitem que os filhos, por menores que sejam, façam tudo o que desejam, não estão lhes ensinando noções do que podem ou não podem fazer. Os pais usam diversos argumentos para isso: “eles não sabem o que estão fazendo”; “são muito pequenos para aprender”; “vamos ensinar quando forem maiores”; “sabemos que não devemos deixar... mas é tão engraçadinho” etc .
É preciso lembrar que uma criança, quando faz algo pela primeira vez, sempre olha em volta para ver se agradou alguém. Se agradou, repete o comportamento, pois entende que agrado é aprovação, e ela não tem condições de avaliar a adequação do seu gesto.
Portanto, cada vez que os pais aceitam uma contrariedade, um desrespeito e uma quebra de limites estão fazendo com que seus filhos não compreendam, e rompam o limite natural para seu comportamento em família e em sociedade. Deixar que as situações transcorram sem uma intervenção clara é como se, na brincadeira entre o gordo e o magro, o filho, mesmo ouvindo “aí não vale!” , continuasse correndo; ou como se os pais pedissem para o filho parar, mas este continuasse a enforcá-los. Apesar de ser fisicamente mais fortes, os pais que não reagem à quebra de limites dos filhos acabam permitindo que estes, muito mais fracos, os maltratem, invertendo a ordem natural de que o mais fraco deve respeitar o mais forte.

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