Dinâmica: O Caso Miguel
Objetivo:
Exemplificar através de uma história o mau julgamento que fazemos dos
outros.
Material:
07 pessoas para ler o relato sobre Miguel: padeiro(Manoel), a mãe, o
trocador do ônibus, o vendedor da lanchonete, o porteiro, o faxineiro e Miguel
02 cópias do texto “O Caso de Miguel”(postado no procedimento). O1 cópia
deverá ser cortada, separando a fala de cada personagem. A outra deve ficar com
o professor.
01 quadro ou 01 cartolina
01 marcador para quadro branco ou um pincel atômico
Procedimento:
- Escolham 07 pessoas para ler o relato sobre Miguel: padeiro(Manoel), a
mãe, o trocador do ônibus, o vendedor da lanchonete, o porteiro, o faxineiro e
Miguel.
- Coloquem uma identificação em cada pessoa com o nome do personagem que
vai representar.
- Entreguem para cada personagem a parte do texto que se refere ao que
ele deve ler.
Estas partes devem estar numeradas de 01 a 07, para que eles saibam qual
sua vez de falar.
- Falem para a turma: Vamos escutar o que estas pessoas pensam e falam
sobre Miguel.
- Após o relato de cada personagem, perguntem para a turma.
Quem é Miguel de acordo com o que acabamos de escutar?
O que está acontecendo com Miguel?
- Façam um pequeno relato sobre quem é Miguel do ponto de vista da turma,
utilizando o quadro ou uma cartolina.
- Por fim, Miguel deve ler sua parte.
- Para concluir, perguntem:
Depois de apresenta a versão de Miguel para os fatos, perguntem qual a
razão das pessoas terem uma visão diferente de Miguel?
Aguardem as respostas.
- Depois, questionem: Nós também estamos julgando as pessoas? Somos
também julgados?
- Para finalizar, falem que é muito precipitado julgar os outros pela
aparência, pelas atitudes. A Bíblia condena esta prática.
Por Sulamita Macedo.
Texto de Reflexão da dinâmica
Caso Miguel
Relato do padeiro:
Esse menino não é muito certo da bola não. Ás vezes, cumprimenta a
gente,o utras vezes parece que nunca me viu. Tem dias até que puxa um dedinho
de prosa comigo, e ainda faz comentários do jogo da véspera. Quando procuro por
ele, para continuar o assunto, já não está mais lá. Ontem chegou aqui de cara
amarrada, com os olhos vermelhos!…
Não sei, não!… Acho que ele se droga…
Pediu 1 litro de leite e 2 pãezinhos e se mandou. Ele é muito
esquisito!!! Coitada da mãe dele!!! Deve sofrer!!!
Relato da mãe:
Naquela manhã, Miguel acordou cedo, não quis tomar café. Nem ligou para
o bolo que eu havia feito especialmente para ele. Não quis vestir o casaco que
eu lhe dei. Disse que estava com pressa e reagiu com impaciência aos meus
pedidos para que se alimentasse e se agasalhasse! Ele continua uma criança que
precisa de cuidados o tempo todo. Ele já tem 14 anos, mas não tem noção do que
é bom para ele.
Relato do Trocador de Ônibus:
Naquela manhã de sábado, entrou no ônibus um rapaz com toda a pinta de
pivete. Cara fechada, de mal com o mundo, meio nervoso. Fiquei de olho nele,
esperando que assaltasse alguém. Levava uma sacola de plástico com,
provavelmente, aquilo que ele já havia roubado antes. Olhava o tempo todo para
o relógio, como se estivesse admirando o que roubou. Essa juventude de hoje!!!
O mundo está mesmo perdido!!! Fiquei aliviado quando ele desceu, sem ter
conseguido assaltar ninguém. Também pudera!!! Ele sentia que eu estava o tempo
todo de olho nele!!!
O vendedor da lanchonete:
Logo de manhã, apareceu um garoto quando ainda estávamos abrindo a loja…
Parecia um doido!! Queria, por que queria, que tudo parasse e ele fosse logo
atendido. Queria o hambúrguer para ontem!!! Ora, bolas! Como se eu fosse o
empregado dele! Não era muito normal, não! Ficava andando de um lado para o
outro, olhando o relógio, falando sozinho…!
O porteiro:
Esse garoto está sempre afobado! Fala com a gente e mastiga o sanduíche
ao mesmo tempo!! Engraçado que está sempre atrás do mesmo garoto! “Cadê o Zé?
Você viu o Zé? Pra onde foi o Zé?” Ihh, não sei não! Parece coisa de boiola,
sempre atrás de homem!
Relato do faxineiro:
Ah! Eu sabia! Não é de hoje que eu desconfiava desse pilantra!! Peguei
ele no flagra!!!
Desde que me falaram que tem gente roubando coisas no vestiário, eu
fiquei de olho, né? Ninguém presta atenção num faxineiro… Então fica mais
fácil, e não deu outra!
Como quem não quer nada, eu estava lá enrolando na limpeza do vestiário,
varrendo, mas prestando muita atenção no movimento. Foi quando entrou aquele
garoto, olhando para todos os lados, mais para ver se alguém podia ver o que
ele ia fazer… Para ele, eu não existia, seu olhar passava direto por mim.
Quando ele tirou as chuteiras roubadas do saco plástico, eu não tive dúvida!
Botei a boca no trombone, comecei a gritar!!!
Socorro, ladrão!! Pega ladrão, pega ladrão!!!
Versão do Miguel:
Eu só penso em futebol. Fico pensando, a semana inteira, nas peladas do
final de semana, nos treinos que eu assisto, do meu timão do coração, lá na
Gávea. Zico é o meu maior ídolo! Tu não sabe o que aconteceu, ontem, lá na
Gávea, meu amigo Zé veio me avisar que o próprio Zico estaria lá, no dia
seguinte, testando a galera para formar como jogador de futebol no seu time.
Fique logo bolado e lógico que eu queria ser testado também, né!? Perguntei pro
Zé se eu podia comparecer e ele disse que era só chegar com chuteiras, (óbvio),
cópia da certidão de nascimento e 1 retrato. E, principalmente que chegasse na
hora certa, sem me atrasar, por que o Zico é rigoroso pacas quanto ao horário.
Meu irmão, nem dormi direito esta noite. Acho que era ansiedade, dormi
mal pra caramba!!! Fique só pensando, imagina, ver o Zico de perto, jogar bola
com ele, isso é meu sonho! Muito show, imagina só, você não está entendendo, o
Zico como meu treinador, isso é demais!
Ao me levantar, depois de uma noite horrível, fui comprar o leite e o pão
para a mamãe. Detesto chegar na birosca do Seu Manoel e ver, sempre, aquela
gente bebendo desde de manhã. Acho até que nem foram pra casa dormir ainda!
Quando eu chego lá e esse pessoal está lá também, compro as paradas e saio fora
rapidinho. Eu gosto do Seu Manoel, pena que ele não pode escolher pra quem vai
vender, até por que ele precisa ganhar dinheiro... Mas é sinistro essa galera
que só fica bebendo, nada haver. Quando tá vazio até dou uma parada pra trocar
uma ideia com ele, mas isso é tão raro!
Deixei o leite e o pão na cozinha. Peguei minhas chuteiras e meti o pé
pra não me atrasar. Ouvi a mamãe resmungando pra comer bolo e botar o casaco,
maior sol lá fora, e eu nem estava visando comer em casa, sou mais o Mc
Donald’s do que o bolo. Coitadinha! Ela sempre faz esse bolo, mas é que hoje
estou com pressa mesmo!
O ônibus, pra variar, demorou pra caramba! Já estava boladão! Cara, se
houver trânsito, não vai nem dar pra eu comer alguma coisa. Tenho até medo de
passar mal no treino. Eu estava tão ansioso que toda hora olhava no relógio,
como se pudesse parar o tempo.
Finalmente desci do ônibus e deu tempo de eu tirar um rango. Fui na
lanchonete ali do lado, rezando pra alguém me servir logo, por que eu não podia
me atrasar. O pior de tudo é que o único vendedor, naquela hora, era uma lesma!
Acho até que estava fazendo de propósito.
Ufa! Consegui chegar no clube na hora! Perguntei para o porteiro se ele
havia visto o Zé, meu amigo. Ele disse que o Zé já tinha chegado e que devia
estar no vestiário. Fui voando pra lá, olhando para todos os lados, vendo se
encontrava o Zé. Entro no vestiário e só quem estava lá dentro era aquele
faxineiro fofoqueiro que eu detesto. Tá sempre rondando, parece um carrapato
pegajoso!… E adora puxar o saco do pessoal! Deve achar que vai levar uma
graninha com isso. Mas aí que rolou a parada, do nada, quando resolvi me trocar
e procurar o Zé depois, o maluco começou a gritar:
– Socorro! Ladrão! Pega ladrão!
Nem sei qual foi, mas quando fui ver ele estava apontando pra mim! Que
sufoco! Me ferrei todo, mas consegui provar que eu estava limpo.
Finalmente, o incidente saiu melhor que a encomenda. Zico soube do
ocorrido, e cada vez que me olhava começava a rir, imaginando a situação. E foi
assim que fui notado e consegui ficar entre os escolhidos.
Autoria do texto desconhecida.
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